Seguindo a série "caloria não é tudo", mais uma reportagem interessante para discutir. Não me entendam mal, é claro que o total calórico do dia, da semana e do mês, contribuem tanto para alteração do peso como para manutenção da saúde. Se estiver consumindo alimentos em exagero para a sua constituição física e gasto energético, isso vai ter conseqüências.
Mas por outro lado, só contar calorias não é a solução. Tudo bem que, mais uma vez, o título da reportagem não ajuda o leitor a entender como a alimentação saudável funciona, mas... vamos lá.
Pesquisa da Escola de Saúde Pública de Harvard mostrou que o consumo regular de batata, mesmo que não seja frita e sim cozida, purê ou assada, tem efeito sobre os níveis de insulina (nosso hormônio que regula o açúcar no sangue) e em longo prazo pode resultar num aumento de 450g no peso corporal em um ano. O título da reportagem: batata, a grande vilã da dieta. Acho incrível como a nutrição e alimentação sempre têm que ter um vilão. E na verdade não é bem assim. Primeira coisa é contextualizar. A pesquisa foi feita nos EUA, onde a base da alimentação é sim a batata. É raro você ver um restaurante ou uma família americana que consome com regularidade arroz, feijões e outros cereais e leguminosas. Outros pontos que devemos aprender desta pesquisa, mesmo que no Brasil o consumo médio de batata não seja tão elevado:
1. Batata, mesmo que não seja frita, apresenta sim alto índice glicêmico. Isso quer dizer que o tipo de carboidrato da batata chega rápido no sangue e isso leva a uma liberação rápida de insulina. Esse efeito ocorrendo com freqüência pode levar à ganho de peso de descontrole da glicose no sangue. Em contrapartida, dependendo do horário de consumo é exatamente isso que queremos, como após um treino de endurance ou uma maratona, pois queremos mesmo é recuperar os estoques energéticos.
2. Temos que variar e priorizar outros tipos de carboidrato. Cereais integrais, grãos e leguminosas também são excelentes fontes de carboidrato e ainda têm maior teor de fibras e nutrientes. Investir em arroz integral, cevada, trigo para quibe, feijões, lentilha, grão de bico, assim por diante, deve ser a escolha para o di-a-dia.
3. Ainda assim, variar entre os tipos de batata. Primeiro, mesmo a batata inglesa se consumida com casca, tem maior teor de vitaminas do complexo B e fibras, o que reduz a velocidade com que o carboidrato chega ao sangue e, conseqüentemente, a liberação de insulina também diminui. Além disso, outros tubérculos, como a batata doce, tem naturalmente índice glicêmico menor e é rica em betacaroteno.
Por fim, reforço a questão que para manutenção do peso e da saúde não bastam calorias, temos que saber como fazer as melhores escolhas entre os alimentos com valor calórico parecido.
A composição dos alimentos não é a mesma, então não adianta apenas comer com moderação ou cortar calorias - Dariush Mozaffarian
Ana, adorei seu blogue. Não sabia que você tinha.
ResponderExcluirNos últimos dois anos acabei mudando totalmente a minha alimentação e tenho sentido muito a diferença de ter passado a comer mais vegetais, grãos/brotos e principalmente tomar sucos verdes pela manhã.
E acho importantíssimo essa informação ser passada a frente, ainda por cima em forma de textos coerentes e bem estruturados como os seus.
Parabéns pelo site!
Beijos,
Luiza
Oba! Nada como trocar informação não é? É tão enriquecedor... se as pessoas dessem um tempinho para ver como a alimentação influencia diretamente na vida delas, ai, ai. Prova viva é outra coisa! Beijo
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