O domingo foi premiado com uma reportagem bem legal, e bem escrita, no jornal O Globo sobre o glúten. Se por coincidência ou acaso, o glúten estava se tornando a bola da vez na grande cruzada que é imposta sobre a nutrição de estigmatizar um único vilão para todos os problemas de saúde e obesidade. Mas, tenho que confessar que para um jornal achei bem esclarecedora a reportagem. Quem não leu, vale a pena ler.
A matéria, com diversos comentários de nutricionistas inteligentes e bem informadas, deixa claro alguns pontos importantes: a doença celíaca, alergia inata ao glúten é uma coisa, e a intolerância ao glúten são duas coisas distintas. Ao passo que a doença celíaca é realmente menos frequênte na população saudável, não podemos deixar de identificar e reonhecer que a intolerância ao glúten está cada vez mais comum e frequênte. Muitas vezes é temporária, em função de uma padrão alimentar inadequado e outros fatores que pré-dispõem o intestino a não processar corretamente esta proteína. Se esse intestino não consegue digerir e quebrar os peptídeos da proteína do glúten que chegam após passar pelo estômago eles podem SIM causar alterações sistêmicas. E a alimentação de muitas pessoas parece pedir por uma intolerância sendo diariamente bombardiada com diversos alimentos fontes da mesma proteína. Variedade na escolha dos alimentos é essecial e deve ser incorporada sempre no dia a dia.
O que foi mais interessante ainda foi o fato desta semana eu estar lendo justamente um livro de uma médica e nutricionista inglesa que relaciona a saúde do trato digestivo (foi mal, mas não consigo me adaptar ao bendito "trato digstório") com doenças neurológicas.A autora, mãe de uma criança com dificuldade de aprendizado, a autora traça uma clara e objetiva relação entre a permeabilidade intestinal e autisto, déficit de atenção, depressão, dislexia, hiperatividade entre outros disturbios neurológicos. Todos pacientes com estes distúrbios tiveram alterações da parede dos enterócitos detectada, mas raramente ela é considerada como um dos fatores que prejudicam o controle e melhoria do quadro clínico. Ao contrário, eram consideradas consequência dos hábitos alimentares distorcidos que muitas vezes estas pessoas têm. A irritabilidade ou a dificuldade de manter um sono tranquilo de uma criança autista sendo relacionada com os sintomas de uma intolerância ao glúten e a caséina, o que por sua vez leva ao padrão alimentar muitas vezes super restrito, é de abrir os olhos, afinal como esta criança vai comunicar aos seus pais o que está sentindo? Quem se interessa, vale ler!!
Pessoalmente, a mensagem de hoje é: não tem como um nutricionista hoje não considerar a saúde intestinal e saber restaurar este órgão primordial na saúde do organismo como um todo. Apesar de muitos quererem colocar a dieta sem glúten como a nova dieta da moda para emagrecer, o que não é correto, também não podemos ignorar que muitas pessoas estão sim passando por uma sobrecarga gerando intolerância, e se este for o caso, é lógico que ela vai não somente emagrecer mas melhorar imensamente a qualidade de vida quando os alimentos fonte forem retirados. O glúten, de certa forma, é a bola da vez. Diagnóstico preciso e avaliação de caso a caso é essencial. Mas, se você trabalha com pessoas que apresentam disturbios neurológicos, saiba que neste caso a recuperação do intestino e retirada do glúten (e caseína) é, sem dúvida, o caminho.
Leitura obrigatória (para mim, é claro):
Gut and Psychology Syndrome - natural treatment for autism, dyspraxia, ADD, dyslexia, ADHD, depression, schizophenia.
Dr. Natasha Campbell-McBride (mestre em neurologia e em nutrição)
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