quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sinergia é tudo, até com os alimentos


Não é que hoje, ao chegar à academia, tenho uma grata surpresa. A última edição da revista Época está lá e eu tenho 30 minutinhos de bicicleta que foram poerfeitos para ler a reportagem de capa. Reportagem esta que já havia sido recomendada por um amigo, sobre a "nova dieta".

Se é uma dieta mesmo, ainda não sei, pois a reportagem cita os criadores dela, o livro no qual se baseia, mas fala mesmo do seu princípio, sem dar detalhes para que isso possa ser avaliado. Mas, lendo a revista me identifiquei e achei bastante válida a nova (ou seria velha?) visão sobre os alimentos.

Digo "nova" ou "velha" pois afinal combinar alimentos para se ter o melhor aproveitamento não é nada novo, meus alunos de composição dos alimentos que digam (eu espero!) pois já falamos das interações negativas entre caféina e cálcio, cálcio e ferro, oxalato e cálcio, fitatos e minerais divalentes...

Mas, acho que o "novo" está em valorizar os sinergismos, que antes quando a visão sobre os alimentos focava em nutrientes era bastante restrita ao clássico ferro + vitamina C, mas que atualmente com os compostos bioativos em destaque ganhou nova importância. E como AMO estes compostos bioativos!! Sinergia é pouco para descrever o que eles fazem entre si, em conjunto com nutrientes, com componentes da matriz, no contexto de ALIMENTO!! Não é a toa que a reportagem frisa: tem casos que 1 + 1 resulta em 3, e estes são os aspectos a serem valorizados na nova dieta.

Sendo assim, sugiro duas receitinhas de combinações interessantes que potencializam os efeitos destes componentes no nosso corpo:

Sinergia 1: rutina + vitamina C = suco de laranja com acerola
Rutina, um flavonoide, é excelente para a parte circulatória e é encontrada em cítricos, e a vitamina C, presente na acerola, protege e evita a sua oxidação.

- 10 acerolas
- 1 laranja pêra (suco)
- 1/2 xícara (chá) de água
 Modo de preparo
Bata os três primeiros ingredientes no liqüidificador, coe, e sirva



Sinergia 2: licopeno + ácidos graxos monoinsaturados = molho de tomate caseiro com azeite extra virgem
O licopeno, carotenoide conhecido por reduzir o risco de DCV e câncer de próstata é melhor absorvido em meio lipídico, assim a inclusão de gorduras de boa qualidade, como o azeite, rico em monoinsaturadas é uma forma de melhorar sua absorção. Ah! O licopeno é ainda mais biodisponível cozido, sendo assim...

-3 dentes de alho picados
-1 cebola média picada
-1 kg de tomate italiano bem maduro
-2 colheres (sopa) de manjericão picado
-50ml de azeite de oliva extra virgem
-Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de Preparo
Liquidifique metade do tomate (sem pele e sem semente) e reserve. Frite o alho e a cebola no azeite de oliva. Junte o restante do tomate e refogue.
Depois adicione o tomate liquidificado e cozinhe até ficar consistente, retirando a espuma (que é a acidez do tomate). Tempere com sal, pimenta-do-reino e manjericão.

De resto, sugiro ler a reportagem e se inspirar em novas criações!



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Infância, microbiota e obesidade

Hoje, num dos raros momentos em que consigo sentar e ler as notícias (online, com meu cachorro por cima de mim e do computador), li uma reportagem muito boa. Uma endocrinologista pediátrica comentando sobre sua pesquisa na UERJ e seus achados sobre o aumento da obesidade infantil e seu impacto, como aumento do colesterol.

Entre vários aspectos ela citou a importância de evitar o consumo de biscoitos, doces e outros industrializados pelas crianças, mas frisando, e é isso que achei ótimo, que esse não é um comportamento de restrição e sim uma conduta para instituição de hábitos saudáveis. Outro ponto essencial citado na reportagem, foi o fato da introdução precoce de alimentos de gosto forte, açucarados e gordurosos. Os pais muitas vezes se sentem crueis por não dar estas bobagens aos filhos e não como aqueles responsáveis ela saúde dos mesmos. Mas, não estou aqui para falar de educação, sou nutriconista e não pedagoga!

Uma das informações mais interessantes foi o finalzinho da reportagem, onde ela frisa a importância das crianças manterem hábitos alimentares saudáveis principalmente em 4 fases do crescimento onde, por causa de mudanças hormonais, há uma maior multiplicação das células, inclusive as adiposos, podendo já programar uma maior pré-disposição a obesidade na vida adulta. Que fases são estas? Nasciemento, 6 meses de idade, 6 anos de idade e puberdade. Certamente não por coincidência, pesquisa relacionando o padrão da microbiota intestinal de crianças no nascimento, aos 6 meses e depois aos 7 anos, verificou também que menor proporção de Bifidobacterias estava relacionada com maior peso corporal e obesidade infantil.

Se é uma relação do estilo "o ovo ou galinha", não temos tanta certeza, mas já é certo que a microbiota é um destes outros fatores ambientais que alteram metabolismo e podem interferir no ganho de peso. Em contra partida, o padrão da dieta, padrão "dieta ocidental", de alta densidade , nutricional, rica em lipidios é um fator que altera a microbiota, reduzindo bifidobacterias. Certamente, cuidar da alimentação da mãe, a amamentação e a alimentação infantil parecem ganhar outro patamar de importância vendo as coisas por este ângulo, não é?

Se a curiosidade sobre a relação da microbiota intestinal com obesidade e resistência a insulina aumentar, apareçam amanhã no IV Encontro de Nutrição Clinica Funcional e Medicina do Rio de Janeiro, pois vou tratar justamente deste assunto!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Novidade: site no ar!

Apesar de toda a correria, tendo de terminar aulas, apresentações, montar relatórios, estruturar a semana de nutrição... Ufa! Ainda assim,faço questão de parar um pouquinho para divulgar:

Site está no ar! http://soulnutrition.com.br/

Pronto, é isso, tenho que correr, literalmente, treino intervalado para depois voltar às obrigações, rs

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cinema com pipoca, ou melhor, cinema com antioxidantes?!!

Hoje um grupo de amigos, eu incluida, combinamos um cineminha à noite. Na verdade, um casal foi chamando outro, e mais outro, e no final está parecendo aquele cinema de pré-adolescente que ninguém quer ir sozinho com a pessoa interessada e acaba indo uma caravana junto para disfarçar. Nem ligo!
O que isso tudo me fez lembrar foi da frase quase unânime das pessoas: "ai... não consigo, não tem como ir ao cinema e não comer pipoca!" E assim, me lembrei de uma reportagem que saiu a um tempo, que como as outras é claro, tinha titulo polêmico, destes para fazer você ler: pipoca tem mais antioxidantes que frutas e verduras.

Excelente não é mesmo? Agora se quiser componentes para combater o estresse oxidativo posso ir direto na pipoca, esquece frutas e hortaliças. Na verdade, é e não é. A grande tirada da reportagem foi com base num trabalho feito pelo pesquisador Vinson da Unviersidade de Scranton, no EUA. Ele é um dos mais conhecidos pesquisados que trabalham com a identificação de compostos fenólicos em alimentos. Inclusive, gosta mesmo de buscar alimentos de uso comum, como chocolate, por exemplo. E tenho que dizer que foi com base no trabalho dele que também resolvi fazer minhas pesquisas usando alimentos comuns do nosso dia, como a querida feijoada.

A grande sacada do trabalho em fim, é na verdade uma nova visão que estamos tendo destes compostos fenólicos, ou polifenóis, como também podemos chamar. Como uma classe com mais de 10000 substâncias até então identificadas, com subgrupos diferentes que apresentam caracteristicas diferentes, nos últimos anos se verificou que uma parcela significativa destes polifenóis ficam presentes em cereais, especialmente quando ainda na sua forma integral, associado à fibra.

Bom, assim, cereais integrais ganharam participação importante como boa fonte de componentes antioxidantes na dieta, apresentando altíssima concentração destes. E a pipoca está neste grupo, afinal ela é feita de milho, grão inteiro, onde justamente a casquinha externa que cisma em entrar no espaço entre o dente e a gengiva é onde temos muita fibra e polifenois também.

Mas, como o mundo não é perfeito, se quisermos usar pipoca como veiculo de antioxidantes, e não de calorias, precisamos fazer pipoca à vapor (naquelas pipoqueiras elétricas) ou na panela a partir do grão sem adicionar muito óleo. Certamente todo o aporte de antioxidantes não vai adiantar nada se for ingerido junto com toneladas de gordura saturada, das manteigas líquidas da pipoca do cinema, ou de gordura trans, das pipocas de microndas.

Então, no próximo filminho que pegar em casa, tire 5 minutos do seu tempo e coloque a pipoca na panela e não no microndas!



sexta-feira, 27 de julho de 2012

Notícias que todo mundo quer ouvir...



Essa semana uma amiga comentou um link sobre uma notícia que saiu na Veja. Não é nova, saiu provavelmente na época de Páscoa, mas o título, é claro, já chamou muito minha atenção:
Comer chocolate regularmente pode ajudar a emagrecer
Existe informação mais alegre que essa É o que todos queremos que seja verdade e que funcione. Fui ler a reportagem, com base em um artigo científico, da Archives of Internal Medicine, número grande de participantes (mais de 1000 indivíduos) e que a conclusão foi essa: aqueles que consumiam pequenas quantidades de chocolate, amargo, duas vezes na semana apresentaram IMC inferior aos que não comiam.

Até aí, ok, viram que havia uma relação causal. Deste ponto à colocar que o consumo de chocolate ajuda a emagrecer... já é querer trasnformar a realidade no conto de fadas. Ninguém frisa os aspectos mais importantes do trabalho:

1. Moderação: consumir de forma moderada, pouco frequente e em pouca quantidade, realmente pode relaxar e aliviar a tensão de restrições alimentares mais rígidas e pertimir um melhor controle total da alimentação e ingestão calórica;

2. O chocolate era amargo, e chocolate amargo lá fora é pelo menos 70% de cacau, logo gordura saturada e açúcar passam longe comparados com os chocolates convencionais que temos, e só isso também faz uma tremenda diferença;

É claro, enquanto as pesquisas forem bombásticas, isso dá notícia, mas também dá trabalho para nós explicarmos direitinho o que acontece no organismo. E desta matéria fui seguindo o link da Veja sobre dieta e nutrição, e caí logo em outra sensacional: Pipoca tem mais antioxidante que frutas e vegetais

Mas isso a gente deixa para semana que vem... até porque, quem faz doutorado sobre feijoada (tipo... eu) sabe bem como é discutir assuntos polêmicos!

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/comer-chocolate-regularmente-pode-ajudar-a-emagrecer?utm_source=twitter&utm_medium=abrilcom&utm_campaign=redesabrilcom_twitter&utm_date=20120326

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Retorno

Sim, eu sei, vai fazer um ano da última postagem... uma vergonha... Mas, realmente muita coisa aconteceu ao mesmo tempo: começar novo trabalho, onde dou aula manhã, tarde, noite, junto com defesa de tese de doutorado, casamento,aulas para pós no final de semana e ainda atendimentos... tenho que admitir que não consegui levar o blog à frente...

Mas....

Tudo volta e eu também. Não, tirando o doutorado que acabou e o casamento que já passou, o resto continua, no entanto já, já o site da Soul estará no ar e com muito orgulho voltarei a fazer minhas divagações sobre nutrição.

Até porque, a gente pisca e tem alguma materia na TV ou no jornal que PELAMORDEDEUS... logo, não vai faltar assunto, rs.



domingo, 21 de agosto de 2011

Recuperação após exercício

Se domingo passado a dica foi como melhorar a clássica fadiga de segunda, hoje tenho que adicionar à receita anti-fadiga umas dicas para recuperação muscular, articular, e tudo mais que envolve o depois de um estresse físico. Se você, como eu, correu a meia maratona do Rio hoje, e está terapeuticamente com gelo nos joelhos, já alongou, fez massagem, mas sabe que as chances de não andar direito amanhã é grande, este post é para você também.

Quando o corpo, mesmo com treinamento apropriado, passa por uma prova de superação, onde você leva seu corpo ao limite, você está induzindo o organismo à um estresse agudo, e isso tem consequências. Você estimula a produção de citocinas inflamatórias o que leva a um quadro de inflamação sistêmica, levando a fadiga muscular, dor articular, cansaço e desgaste físico e mental. Como reduzir isso:

1. Descanso - dar tempo para o corpo poder se recuperar sozinho

2. Comer direito - além de fornecer os nutrientes necessários para a regenração muscular e recuperação dos estoques energéticos, você deve pensar comer os alimentos que ajudem este momento de inflamação do organismo

3. O que reduz a inflamação:
- Cereais integrais: ricos em vitaminas do complexo B, fibras e baixo índice glicêmico evite as flutuações de glicose, que prejudica a inflamação
- Alimentos ricos em ômega-3: peixes e linhaça são ricos em ácidos graxos, que modulam a produção de eicosanóides reduzindo a inflamação
- Gengibre, curcuma, sálvia: entre outros condimentos, estes tem efeito importante antiinflamatório

4. O que evitar, que induz inflamação: cafeína, açúcar refinado, gorduras e frituras, sal e substâncias químicas.

Alimentem-se bem, comidas saudáveis, muitos líquidos, durmam bem e, como eu, torçam para acordarem melhor que hoje!